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Este blog é direcionado aos interessados por temas relacionados ao curso de Letras. Para que possamos trocar informações e experiências sobre o que estudamos, aprendemos e ensinamos neste fantástico e surpreendente mundo da linguagem, comunicação, escrita e leitura.

MINHA AUTORIA,

Aqui exponho meus textos e trabalhos (acadêmicos e voluntários). Divulgo-os com a intenção de compartilhar o conhecimento que tenho adquirido durante o curso de Letras.

domingo, 19 de julho de 2009

O NEOLOGISMO E O ESTRANGEIRISMO NA LÍNGUA PORTUGUESA


BRASIL: UM PAÍS BILÍNGUE?


É fácil notar que muitas palavras estrangeiras, especialmente as inglesas, são introduzidas ao léxico do português brasileiro frequentemente e, em grande número, de modo desnecessário.
No mundo globalizado atual, a acessibilidade às informações por comunicação em rede de computadores, familiariza cada vez mais uma quantidade maior de pessoas com palavras ou termos estrangeiros que se propagam fácil e rapidamente, mesmo entre as pessoas que não fazem uso deste meio, que de tanto ouvi-los, acostumam-se com eles e passam a conhecê-los, tornando-se também usuários destas expressões.
Outro fato importante é o da origem de tudo o que é acompanhado por nome em língua estrangeira. Se um objeto, empresa, criação, conjunto de idéias ou qualquer outra coisa tem origem em outro país de idioma diferente, é provável que em seu surgimento tenha sido batizado com um nome proveniente desta língua, que o acompanhará por onde for difundido. Alguns, normalmente empresas e marcas multinacionais, designam nomes próprios e não tem como traduzi-los (McDonald´s, Bob´s, CeA, Nike, Honda). Porém, há vários que cabem uma tradução adequada à nossa língua (laptop ou notebook: computador portátil; diet: dietético; light: baixa caloria; steak: bife; pet shop: loja de animal de estimação; check-up: avaliação médica).
No Brasil, muitas vezes, esta adequação não acontece, certamente, porque os falantes não possuem conhecimento lingüístico suficiente do português para fazerem esta substituição. Assim, ocorre o aportuguesamento de palavras estrangeiras, que é uma mistura de pronúncias e grafias que pode dar certo (check-up: checape; stress: estresse; team: time; Far West: faroeste; performance: performance; beef: bife; video-clip: videoclipe), mas que podem ser expressões incompreensíveis a muitos, visto que existem outras que caberiam melhor ao contexto, sem deturpar a língua portuguesa e corromper seu bom uso (deletar – to delet – eliminar; printar – to print – imprimir; setar – to set – configurar ou definir).
Nos deparamos com fachadas de diferentes comércios, títulos de eventos e até nomes próprios carregados de estrangeirismos insignificáveis. São lojas, lanchonetes, salões de beleza, entre outros, tipicamente brasileiros carregados de k, w, y, h, ´s e duplicidade de letras como ll, dd, oo, ee, tudo usado sem restrição e erradamente somente na busca de criar nomes bonitos e chamativos, mas que se analisados, são na verdade incorretos e incompreensíveis. No caso de nomes próprios podem levar a pessoa a constrangimentos, tornando-a constantemente alvo de apelidos e piadas.
No entanto, é possível perceber que este processo todo nem sempre é intencional e é bem mais comum e natural do que parece. Pensando nisso, criei uma entrevista-brincadeira:

_Qual o seu nome?
_Maria.
_A senhora passeia muito?
_Só em shopping center.
_Qual seu shopping preferido?
_Flamboyant, mas também gosto do Bougainville.
_Onde a senhora faz suas compras do mês?
_Wal-Mart ou Carrefour.
_Paga sempre à vista?
_Não. Se já tiver o dinheiro passo no Visa electron, se não passo no Mastercard.
_O que gosta de comer sábado à noite?
_Hamburger ou cheeseburger com muito ketchup no pit-dog do Herick.
_É gostoso?
_Sim. Mas no Bob´s ou Mcdonald´s é melhor porque tem milk-shake.
_A senhora bebe refrigerante?
_Só diet ou light.
_Onde compra sapatos?
_Mister Foot por que lá os sapatos são de couro e combinam com jeans.
_A senhora tem orkut?
_Não, mas minhas filhas têm. Uma tem até site, ela mora lá no Granville.
_E e-mail?
_Elas têm também e vão na Lan House usar a Internet porque o mouse do notebook estragou.
_Onde corta o cabelo?
_No Hit´s Mega Hair.
_Pinta com qual tinta?
_Koleston.
_Toma algum remédio?
_Só tylenol para dor até eu fazer um check-up.
_Qual desenho seu neto está assistindo?
_Toy Store.
_Ele gosta?
_Só do cowboy Wood e do Buzz Lithyear, ele tem o CD. Já o mais velho só gosta de brincar com Hot Wheels.
_Porque ficou brava com seu neto ontem?
_Porque ele colocou piercing para ir num show de rock e só fica na rua andando de skate ou então jogando videogame.
_Gosta de assistir TV?
_Sim, mas a minha é samsung e quero uma Semp Toshiba que vi no outdoor igual meu DVD.
_Qual seu programa preferido?
_Big Brother, mas acabou.
_O que está mascando?
_Trident.
_O que está fritando?
_Steak de frango para comer com maionese Hellman´s._Cadê seu cachorro?
_Levei para o pet shop.
_Cadê a filha?
_Foi para a academia, a Atlhetics, ela faz jump. Parece que ela chegou, mas daqui não vejo direito por causa do insul-film do carro.
_A senhora faz curso de inglês?
_Eu? Imagina! Nunca fiz não, por isso não sei falar nenhuma palavrinha de inglês, que é tudo muito enrolado.

Apesar de ser um diálogo fictício, trabalhei com termos realmente conhecidos e freqüentemente utilizados por qualquer pessoa em sua fala, para expor como as palavras inglesas nos são impostas e nos apossamos delas sem mesmo perceber.
Concordo que a língua portuguesa ao longo do tempo se enriquece com palavras e expressões originais de outros idiomas, mas que a sua valorização ou imitação, adotadas em diversos casos na tentativa de embelezar ou camuflar a fala ou o enunciado, são impróprias. Só discordo que isso seja bilingüismo, independente de ser corrosivo ou construtivo e benéfico, por que se trata de uma grande mistura entre dois idiomas e não na adoção destes dois idiomas para nossa comunicação.
A língua é viva, ou seja, está em constante mutação. E seu uso é ilimitado e incontrolável. Portanto, é impossível preservar sua integridade ou originalidade, pois estas também são mutáveis. Talvez esteja surgindo um novo idioma para o Brasil, o Portuglês (Português + Inglês).


Iêda Fernandes Dias de Sousa
Letras (LN2) Unifan
Junho/2009
iedafdias@uol.com.br

4 comentários:

  1. Iêda, este texto é muito interessante, gostei muito, parabéns.

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  2. Minha querida amiga Iêda.
    Obrigado por seguir o meu modesto blog e meus parabéns pela excelente qualidade do teu trabalho que é compartilhado. O texto acima é de uma rara preciosidade no trato da questão em tela. Particularmente vejo como exagerado o uso de expressões e palavras inglesas em detrimento da língua portuguesa. E a nossa senhora Maria, coitadinha... Mas a realidade é essa que vc mostra de forma cristalina no texto.
    Receba o meu fraternal abraço e votos de um feliz Natal e 2011 ricamente abençoado.

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  3. ruim não tem o que eu quero

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  4. nao entendiiii nadaaaa nadaa

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